Conhecer a Amazônia com as crianças foi um das coisas mais incríveis que me aconteceu na vida. Nunca imaginei que o Pedro fosse gostar tanto.
Sei que a Amazônia é um destino que não está esta entre as primeiras opções de muita gente. É um programa bem natureba: andar de barco, caminhar na mata, nadar no rio. Tem quem goste, tem quem não goste. Eu acho que fico no meio termo: sou super urbana, gosto de cidade, de metrópole, de museu. Mas também curto, relaxo e aproveito bastante um hotel rústico e passeios pelos igarapés.
Decidimos que era hora de ir para lá quando vimos uma promoção de 4000 milhas da TAM. Não pagar a passagem, é sempre um bom começo. Conseguimos horários bem bons, mesmo sendo durante o Carnaval.
Escolhemos o Anavilhanas Jungle Lodge, a 180 km de Manaus. Apesar de ser rústico e no meio da floresta, ele é um hotel cheio de cuidados que tornam a estadia super confortável: lençol macio, cama boa, ar condicionado no quarto, piscina com fundo infinito em cima do rio e a comida muito gostosa (ele faz parte do Roteiros de Charme). Experimentei muitas frutas e peixes da região. Todas as refeições e o translado estão incluídos na tarifa.
Alguns detalhes são super simpáticos, cada quarto tem um bicho entalhado na porta. Uma pequena escultura de madeira deste animal está na chave e em cima da mesa no restaurante. Assim você sempre sabe qual vai ser sua mesa.
Quando liguei para fazer a reserva e falei a idade dos meus filhos (8 e 3), a pessoa responsável chegou a questionar minha ida, dizendo que uma criança de 3 anos não iria aproveitar. Eu contei que morava em uma chácara, que ela estava acostumada a pegar ovos no galinheiro, caminhar descalça na grama e no mato e convivia com bastante animais. Além de já ter ido para Tailândia. Meus argumentos pareceram convencê-lo.
O hotel optou por nos colocar em 2 quartos pois achou que ficaríamos muito espremidos em uma só cabana. Não cobrou mais por isto (o valor é por pessoa, e não por quarto – as crianças pagam 50%). Eu acho que seria possível ter ficado em um só, mas sem dúvida, ficamos mais confortáveis usando dois, principalmente por causa dos banheiros. Ficamos em um quarto sem televisão, e ela não fez falta.
Ao chegar, recebemos uma folha com a nossa programação. Quando vi a quantidade de passeios, cheguei a achar que ia ser muito passeio e pouco descanso. Me enganei. Embora houvesse atividades todos os dias de manhã e a tarde, gostamos de todos. Um superava o outro. O hotel é pequeno, são 20 bangalôs, e os hospedes são divididos em grupos pequenos, de no máximo 8 pessoas, para os passeios. Todos acabam interagindo e conhecendo uns aos outros. Como era Carnaval havia muitos brasileiros, mas também havia alemães, americanos e japoneses.
Época da cheia, época das chuvas
O Anavilhanas Lodge fica no continente, na beira do Rio Negro, em frente ao Parque Nacional de Anavilhanas: um dos maiores arquipélagos fluviais do mundo. O rio chega a encher mais de 8 metros, ou seja a paisagem muda muito dependendo da época do ano que você vai. Fomos na época das chuvas (embora, pelo que eu entendi, chove sempre) mas não tivemos nenhum problema com ela. Choveu quase todos os dias, mas por pouco tempo, só para dar uma refrescada. Também não passamos calor.
Existem alguns “hotéis de selva” que ficam na floresta, os que ficam no Rio Negro tem uma vantagem em relação aos que ficam no Solimões, que vale a pena ser considerada: como eles são muito ácidos, tem menos insetos, ou seja menos mosquitos!
Descobrindo a Selva
Quase todo mundo imagina que vai ver muitos animais na Amazônia, mas isto não acontece. Para quem quer ver bichos, melhor ir para o Pantanal. Mas a exuberância da natureza é desconcertante! A água do Rio Negro é realmente quase preta e isto faz com que ela vire um espelho, toda o verde se reflete nela e vemos a natureza ao quadrado. Os programas preferidos do Pedro foram a pesca de piranhas e atirar de arco e flecha (claro), as minhas foram a canoagem pelos igapós e igarapés e o Nuno, de fazer a Trilha na Mata de Terra Firme (chegaram a me perguntar se ele era biólogo de tanto de ele entendia e se interessava por tudo). Nesta trilha, o guia mostrou que para ficar com “cheiro de floresta” os índios colocam a mão dentro de um formigueiro e esfregam as formigas no braço. Depois de mostrar como deveria ser feito, ele perguntou quem queria tentar. O Pedro não teve dúvidas e fez igual. Um bravo guerreiro da selva. (Fiquei tão apavorada que nem consegui tirar foto.)
A Luiza gostou de tudo, pegava sapos na mão, fazia trilhas e pescava como uma indiazinha. O que ela mais gostava mesmo, era mergulhar no Rio Negro.
A focagem noturna, quando saímos a noite para tentar ver bichos na floresta, também é MUITO legal: vimos cobras, aranhas caranguejeiras de tamanhos descomunais, jacarés e bichos preguiça (eles são o maaximo, suuuuuuuuper leeeeeeentos.
Os outros passeios que fizemos e também foram muito legais:
- Tour de Reconhecimento pelo Arquipélago de Anavilhanas;
- Visita a Comunidade Cabocla do Tiririca.
- Contemplação do Nascer do Sol (este não fizemos porque estava chovendo e eu não queria acordar as crianças)
- Visita aos Botos Cor-de-rosa e Ateliês de Arte em Novo Airão; (Não é mais possível nadar ou alimentar os botos)
Na nossa última manhã, o tempo estava meio feio e dissemos que não queríamos sair de barco. Mas como o guia disse que o passeio era só com a nossa família e poderíamos fazer o que quiséssemos. Fomos ao local onde veríamos o nascer do sol e de repente, ao nosso redor, começaram a surgir botos cinza e também os botos cor-de-rosa. Foi maravilhoso, ele desligou o motor e ficamos parados ali, por horas, e eles, ficaram ao redor do nosso barco. Sinceramente, achei mais legal do que te-los visto em Novo Airão.
Os guias e barqueiros são muito legais. Alguns são índios, outros caboclos, e é muito bacana conversar com eles. O Pedro ficava horas jogando sinuca, resta um e xadrez com eles e com outros meninos que estavam por lá.
Esta viagem nos marcou profundamente, o Pedro disse que “não parecia que ele estava viajando, parecia que estava em casa”. Deu para ver que ele se sentiu muito a vontade na selva.
Leia também: