Conhecer Cuba era um sonho antigo – ter crescido durante a guerra fria despertou em mim o desejo de conhecer um país comunista -, mas nunca conseguíamos casar as férias com a melhor época para conhecer a ilha.
A República de Cuba é a maior ilha do Caribe e o país mais populoso da região. Tem praias paradisíacas de areia branca e resorts modernos, exclusivos para turistas. Como nosso objetivo era saber como é, afinal, a vida em um país comunista, decidimos ficar apenas na capital, Havana, e não conhecer as famosas praias de Varadero e Cayo Largo.

A melhor época para ir é de fevereiro a maio. De junho a novembro, chove bastante, e o país está na rota dos furacões. Dezembro e janeiro são meses mais secos, porém mais frios. Nós ficamos 6 dias em Havana no final de abril de 2013. Foram 6 dias de sol, com
temperaturas variando entre 25 e 30 graus, mas sempre com um vento agradável e
fresco.

O sol de lá é inclemente, então é muito importante lembrar usar protetor solar e chapéu o tempo inteiro e nunca sair sem algumas garrafas de água. Meu truque para ter água gelada sempre era colocar algumas garrafas no congelador do minibar. O gelo ia derretendo durante o dia, e a água continuava gelada. Lá não é fácil encontrar biscoitos e lanches rápidos, então nós levamos algumas coisas do Brasil. Outra coisa importantíssima é repelente, pois há muitos mosquitos. Lá existe Coca-Cola, mas não em todos os lugares. Eles têm um refrigerante próprio chamado Tukola, que as minhas filhas adoraram!

Em Cuba a vida segue outro ritmo, as crianças brincam nas ruas, jogam bolinha de gude, os casais namoram na pracinha e a população é bem pobre. Por isso acho muito importante situar as crianças antes da viagem e prepará-las para o que irão ver. Minhas filhas tinham 11 e 13 anos na época, então já entendiam bastante coisa.
Havana tem hospedagem para todos os gostos, desde casas de cubanos a hotéis 5 estrelas. Como eu estava com crianças, optei por um hotel com piscina, para elas relaxarem no final do dia, e bem-localizado, para evitar grandes deslocamentos diários.
Quase todas as atrações da cidade estão em Habana Vieja, que é o centro histórico, e nós ficamos no Iberostar Parque Central. Excelente! O café da manhã é maravilhoso, os quarto são amplos e confortáveis. O hotel é composto de dois prédios, um antigo e um novo, e cada um tem uma piscina na cobertura. Ótimas para o final de tarde. Eles também possuem um escritório de câmbio. Não é vantajoso levar dólar, só euro, e o câmbio é fixo e igual em qualquer lugar. A cadeia espanhola Meliá tem vários hotéis na cidade, todos muito bons, mas muito distantes do centro. O Hotel Nacional é lindo, e nós almoçamos lá um dia, de frente para o famoso Malecón, mas eu achei bem caído, parece que seus dias de glória já passaram.

Piscina do hotel em Cuba

Em Cuba é muito difícil encontrar lugares que aceitem cartões de crédito, então é preciso levar o suficiente para os dias em que se vá ficar lá e mais uma reserva. Mas tudo na cidade é baratíssimo! Nós levamos 1.500 euros para quatro pessoas e sobrou metade.
Para comer, há duas opções: restaurantes e paladares. Os restaurantes pertencem ao
governo e todos servem uma comida bem semelhante: arroz e feijão preto (que
eles chamam de moros y cristianos), legumes e uma carne. Há dois restaurantes
italianos, mas bem fracos. O melhor deles é o Dominica, na esquina das ruas
O’Reilly e Mercaderes, em Habana Vieja. A pizza é baratíssima, o equivalente a 5 dólares, e dá para duas pessoas. Os paladares são restaurantes familiares que servem poucas mesas e onde normalmente trabalham os membros da família. São de longe o que há de melhor em Havana. Os melhores, para nós foram: Dona Eutimia, na Plaza de la Catedral, em uma travessa chamada Callejon Del Chorro; Paladar los Mercaderes, na Calle de los
Mercaderes; e Paladar La Guarida, na Calle Concórdia. Este último é o mais badalado de
Havana e já recebeu hóspedes famosos como a Rainha Sofia, da Espanha, e, mais
recentemente, a Beyoncé. Nem preciso dizer que minhas filhas quase
enlouqueceram quando souberam que iam comer no mesmo restaurante que a Beyoncé.
Ele é concorridíssimo, vive lotado, então é preciso fazer reserva pelo site. www.laguarida.com. Outro restaurante gostoso é Los Nardos, que serve comida espanhola e fica bem em frente ao Capitólio, no Paseo de Martí. Em Havana, os pratos de comida são muito fartos, sempre dá para dividir.

 

Cuba tem um dos mais importantes museus de arte latino-americana do mundo, e uma visita ao Museu de Belas-Artes é obrigatória. Além de quadros, há esculturas e instalações que irão chamar a atenção das crianças, como as imensas baratas kafkanianas no pátio. O Museu da Revolução, obviamente, também é parada obrigatória. As crianças não vão entender o que tem dentro do prédio principal, pois a maior parte do acervo é composto de fotos, artigos de jornais, cartazes e objetos pertencentes aos revolucionários, mas do lado de fora há o Memorial Granma, onde estão os carros, barcos e aviões usados na Revolução Cubana, e normalmente as crianças adoram ver essas coisas. Outro museu que me surpreendeu foi o Museu da Cidade. Ele fica em um palácio estilo colonial lindíssimo, e contém carruagens, móveis e objetos decorativos da época em que Cuba era colônia espanhola e do século XIX.

 
Outro lugar incrível, que minhas filhas adoraram, foi Havana Miniatura, na Calle 28. É uma maquete enorme da cidade que vai mostrando a evolução urbana, desde o descobrimento até hoje. É uma bobagem, mas elas gostaram tanto que foram duas vezes!
 
Museu de Belas-Artes


 

Quem pensa em Havana pensa na Plaza de la Revolución, onde fica o monumento a José Marti. O lugar é lindo, aberto, enorme. Para chegar lá, a melhor maneira é pegando aquele ônibus vermelho de dois andares.
Ele sai do Parque Central e para nos principais pontos da cidade, passando pela
parte mais moderna. Vale a pena saltar na La Rampa para tomar sorvete no Coppelia.
Em Havana, e com crianças, é obrigatório passear de Coco Taxi, que é uma espécie de riquixá, mas puxado por uma moto e em formato de coco, e em um daqueles carros antigos anos 50 com rabo de peixe. Em frente ao hotel Parque Central, há alguns carros antigos reformados, mas todos muito caros. Eu aconselho a pegar os táxis antigos – que
na verdade são carros de cubanos autorizados a transportar passageiros -, que
quase sempre custam apenas 5 CUC, o equivalente a 5 dólares. Sempre combine o
preço antes.

Todos os dias há um desfile na Praza de la Catedral com pessoas fantasiadas tocando um ritmo parecido com o samba. Muito legal!

Todas as noites, por volta das 21h, no forte de Havana, ocorre a cerimônia chamada Cañonazo, que encena o fechamento da Baía de Havana, como ocorria todos os dias no século XVIII. São atores fantasiados como soldados da época que chegam ao som de tambores, acendem uma fogueira e dão um tiro de canhão. As crianças adoram, mas fica bem cheio, então é preciso chegar cedo, por volta das 18h. No forte tem um museu e uma feirinha de artesanato também. Vá de táxi e marque para o motorista esperar na hora da saída, pois pegar um taxi de volta é uma tarefa das mais difíceis.

De resto, é passear muito, e com calma, pelas ruas de Habana Vieja, aproveitar o ritmo de uma vida que parou no tempo e admirar os prédios, que são lindíssimos, dessa cidade encantadora. Os cubanos são muito abertos aos turistas e adoram conversar, inclusive sobre política. Eles também amam o Brasil e sabem muita coisa sobre nós. Para quem
tem filhos em idade escolar, é uma viagem realmente enriquecedora, é como testemunhar a história. Só não dê atenção às pessoas que se aproximam pedindo sabonete ou caneta. Elas não oferecem o menor perigo, mas alugam, e isso é chato. Aliás, Havana é muito segura, e dá para ficar na rua até tarde, mesmo
com as crianças, sem nenhum perigo.

Monica Braga é mãe de Maria Antonia, 14 anos, e Isabel, 12. Ela adora viajar com as meninas, especialmente para destinos exóticos.

8 COMENTÁRIOS

  1. Fiz esse passeio com minha mulher em 2011 e adoramos. Já estamos nos programamos uma próxima viagem a Cuba. Vale a pena ir também em Varadeiro. Recomendo o Hotel Sol Palmeiras onde é muito divertido, com várias atrações de esportes e diversão tipo balada.

  2. Acho relevante informar que, para uma viagem com crianças para Cuba, é recomendável levar todos os remédios possívelmente necessários. Quando estive lá, a venda de medicamentos era controlada, principalmente para turistas, e sem muitas opções, mesmo procurando pelo princípio ativo.

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