Enquanto a maioria das pessoas nos pergunta, quando contamos da nossa viagem, “mas o que tem para fazer na Ilha da Páscoa?”, a primeira pergunta da Alice foi: “é lá que mora o coelhinho?”. Não, não é lá. Mas é lá que vive um povo incrível chamado Rapa Nui e suas esculturas misteriosas, os moais. Pronto, o olhinho dela já começou a brilhar.
Sinceramente, a Ilha da Páscoa nunca esteve nos nossos planos de viagem. Mas, depois que tínhamos fechado uma semana em Valle Nevado, queríamos aproveitar a ida ao Chile para conhecer outro lugar (Santiago já conhecíamos). Foi aí que lendo o blog Chile para Crianças, da Cinthia Marino, me encantei com a experiência dela na Ilha da Páscoa. Por que não? Sair da neve para uma ilha ao pacífico. Perfeito, roteiro fechado!
NOSSA VIAGEM
Fomos em setembro, ficamos 5 dias. Achamos que foi suficiente, faltou uma ou outra coisa para fazer, mas não por falta de tempo, e sim porque pegamos um feriado (18 de setembro – feriado pátrio) em que tudo, TUDO mesmo, fechou. Museu, a grande maioria dos restaurantes, lojinhas, etc. Não tínhamos previsto isso.
Menos do que 5 dias não vale a pena, na minha opinião, porque a viagem é longa (5 horas de voo a partir de Santiago). Tem 1 voo* diário pela Lan Chile, muito bom, por sinal.
Pegamos clima bom (nem muito quente, nem frio) em todos os dias, com sol e só uma chuvinha rápida.
* Apesar de não ser um voo internacional, é preciso estar no aeroporto com 2 horas de antecedência. Não entendemos o porquê, mas tínhamos lido essa dica e comprovamos.
SOBRE A ILHA DA PÁSCOA
Ainda que seja uma ilha no Pacífico com cultura polinésia, a Ilha da Páscoa não tem nada de turismo de luxo a la Taiti. É bom dizer para quem tem outras expectativas (não era nosso caso, mas percebi em muitas pessoas). É um turismo mais rústico, natureza, cavernas, com muitas trilhas e caminhadas. As atrações da ilha são essencialmente os moais (aquelas esculturas gigantes de pedra), os sítios arqueológicos, cavernas e a cultura Rapa Nui que ainda sobrevive lá. Conhecer isso de perto foi uma experiência incrível para nós!
A Ilha da Páscoa é o ponto mais isolado do mundo. É uma ilha vulcânica (todos desativados) com 170 km². Existe um único centro urbano na Ilha, chamado Hanga Roa, onde vivem os cerca de 7 mil habitantes. Nesse centro tem tudo: banco (Santander), restaurantes, farmácia (aquela rede famosa chilena), mercado (com fraldas, leites, papinhas Nestlé), locadoras de carro, etc. Todo o restante não é mais habitado (com exceção de algumas fazendas e casas isoladas), mas é facilmente acessível por uma única estada de circunda a ilha e outras estradinhas de terra.
O ecossistema da ilha não é muito variado, o que se vê é uma natureza tentando se recuperar de tantas devastações. O maior patrimônio físico são, sem dúvida, os moais enormes e misteriosos espalhados por toda a ilha. Mas, quando se está lá, descobrindo a dimensão do que aquilo representou e conhecendo os descendentes de um povo fantástico e guerreiro, aí sim você entende o patrimônio histórico-cultural do lugar. Em fevereiro tem uma festa tradicional dos Rapa Nui que deve ser maravilhosa (dizem que a ilha lota de turistas nesse período).
Na ilha venta muito e no final do dia sempre esfria um pouquinho. A água do mar estava bem gelada, mas deu para entrar, e o sol é muito, muito forte (nível de radiação bem alto). Tem que se proteger!
O QUE TEM PARA FAZER
Por sugestões dos blogs e pessoas que conhecemos, nosso primeiro dia foi um day tour pela ilha. Tínhamos fechado com o guia Patrício (recomendado pela querida Ana do Mil Dias pela América), mas infelizmente ele teve um imprevisto e saímos com Álvaro (inakiuhi.com / 35.000 pesos por pessoa), um descendente de Rapa Nui, que já morou na Austrália e outros lugares, e agora voltou às origens. Figura! É uma ótima opção para “conhecer o território”, ouvir as histórias, entender os contextos.
Nesse tour você passa por alguns dos principais pontos da ilha. É importante levar lanches, água e toalha (o tour termina na praia, quem quiser pode mergulhar e aproveitar).
Nos outros dias alugamos carro por 3 dias (Insular Rent a car) para voltarmos até a praia e conhecermos outros pontos mais distantes da ilha. Foi uma ótima opção, mas quem não quiser pode combinar transfers ou taxis. No último dia, ficamos pelo centrinho, passeando a pé.
– Hanga Roa
A cidade tem vários “parquinhos” municipais, não é preciso dizer que Alice queria experimentar todos. Aqui ficam alguns moais (não os mais bonitos), o Museu, o Mercado de Artesanato, os shows de dança, o Correio (onde você pode carimbar seu passaporte).
Tem mais de uma opção de show. Fomos no show Kari Kari e gostamos muito (Av. Atamu Takena / 3ªs, 5ªs e sábados, das 21h às 22h15 / 15.000 pesos por adulto). É turístico? Claro que sim. Mas imperdível, muito bem ensaiado e o entusiasmo dos participantes contagia. Alice não piscava!
– Parque Nacional Rapa Nui
A visita à Rano Raraku é um dos pontos altos da ilha. Neste vulcão desativado era onde ficava a “fábrica” de moais. Todos eram construídos aqui (alguns com mais de 10 metros de altura) e transportados para o restante da ilha. Como? Ninguém sabe, só existem teorias. Alice formulou as teorias dela mesma (uma delas incluía uma prancha de surfe… risos!).
Este passeio inclui bastante caminhada. Não deixe de levar água e chapéu para o sol. Carrinho de bebê? Não vai dar certo.
O tíquete para entrar aqui deve ser comprado antes, na chegada do aeroporto ou no centro (Hanga Roa). Não dá para comprar no parque.
Importante mencionar: os “Ahus” (altares onde os moais eram colocados) estão espalhados em diversos pontos da ilha, não se concentram em um único lugar. Os mais interessantes são Ahu Tongariki (15 moais, reerguidos pelo governo japonês); Ahu Akivi (7 moais, os únicos voltados para o mar); Ahu Tahai, perfeito para um pôr-do-sol inesquecível.
– Praias Anakena e Ovahe
Essas são as duas praias mais acessíveis e com maior faixa de areia. Apesar de ser uma ilha, a maior parte da costa é de pedra. Anakena é a praia maior, com estrutura (banheiro e quiosques). Ovahe tem um acesso mais complicado, por pedras, mas vale a visita (a areia da praia é meio rosada, por conta da pedra vulcânica).
– Orongo
Deixe para vir aqui depois de conhecer outros pontos da ilha, porque cronologicamente faz mais sentido. Na aldeia cerimonial de Orongo você conhece a cultura do “homem-pássaro”, um outro momento da civilização Rapa Nui, em os moais não tinham mais tanta importância. Era neste ponto onde acontecia a cerimônia do homem-pássaro, uma competição entre os diversos “clãs” da ilha, da qual o vencedor ganhava o “reinado” da ilha por um ano.
O tíquete para entrar nesse sítio é o mesmo do Parque Nacional, portanto deixe bem guardado.
– Mergulho
Existe mais de uma empresa que organiza saídas de mergulho. Meu marido fez e ficou surpreso com a incrível visibilidade do passeio (Orca Diving Center / 40.000 pesos). A saída é de Hanga Roa.
ONDE FICAR
Se você não quer necessitar de carro todos os dias, o ideal é hospedar-se em Hanga Roa. Ali você fica perto dos restaurantes, lojinhas, mercados, farmácia, etc. Só precisa de transporte (bike, taxi ou carro) para ir aos pontos distantes da ilha. A maioria das pousadas, hostels e hotéis fica por ali. Um pouquinho mais afastados ficam outros hotéis maiores (aparentemente de categoria um pouco superior) e, bem mais isolado, fica o resort de luxo Explora Rapa Nui.
Bem, nossa pousada não era boa. Apesar de ter uma nota boa no Booking.com e considerando o valor da diária, esta foi a primeira vez que tivemos uma surpresa negativa. O casal dono da pousada era muito simpático, ficamos constrangidos de mudar de lugar. Mas não indico, ok? A dica é a seguinte: se for procurar pelo Booking.com, a maioria das pousadas não tem muitas avaliações, então considere um padrão acima daquele que normalmente você escolhe.
No geral, os hostels e pousadas são muito rústicos e simples. A grande maioria não tem restaurantes, portanto não servem café da manhã, porém tem cozinha. Fui conhecer a pousada Inaki Uhi Hotel, do nosso guia Álvaro, e gostei bastante do custo/benefício e localização. Quem sabe numa próxima!
ONDE COMER
– Te Moama:
Almoçamos e jantamos. Comida deliciosa (peça o atum selado, é espetacular! e o suco de goiaba). Fica em frente ao mar e, bem ao lado, tem um parquinho público muito bacana. Alice adorou! Lugar incrível para o final do dia. (Rua Atamu Tekena s/n)
– Au Bout du Monde:
Jantamos 2 vezes. Fica também em frente à praia de Hanga Roa, um restaurante bem pequeno e com cozinha internacional. Chef muito simpática, comanda tudo sozinha! (Rua Policarpo Toro s/n)
– Tataku Vave:
Almoçamos. Comida gostosa e preços um pouco mais baixos do que os 2 acima. É um pouco mais afastado do centrinho de Hanga Roa, mas bem fácil de chegar. Fica perto do aeroporto. Dizem que ver o avião da Lan chegando sexta à noite é muito legal, parece que vai entrar dentro do restaurante (não demos essa sorte). (Rua Hanga Piko s/n)
Na rua principal de Hanga Roa (Avenida Atamu Tekena), existem ainda diversas lanchonetes e cafés.
DÓLAR OU PESOS CHILENOS?
Optamos por levar dólar para o Chile e fazer o câmbio lá, pois aqui as taxas estavam ruins. Fizemos o câmbio em Santiago, mas poderíamos ter feito na ilha. O comércio lá na ilha não aceita dólares, mas boa parte dos hotéis, sim. No nosso caso, com o pagamento em dólar, descontaram os 19% do imposto (IVA). Muitos lugares também não aceitam cartão, vale dizer.
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Chile para crianças: ILHA DA PÁSCOA
Viajando com Pimpolhos – Ilha da Páscoa com crianças
1000 dias por toda a América – Ilha da Páscoa
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