“Gostei muito de Fernando de Noronha. A água é muito limpa, consegui ver os peixes com clareza, vi os corais, conheci o Projeto Tamar e a parte do vôo também foi muito legal. Gostaria de voltar”, diz Nicolas (13 anos) sobre a sua viagem com a família. As lembranças dele são as melhores e as dicas também: “Lá tudo é mais lindo, mas também é mais caro. Com o dólar alto, não voltaria. Recomendo a visita, mas tem que prestar atenção aos avisos. Qualquer lugar tem aviso”, diz.

O Nicolas tem TEA – Transtorno do Espectro Autista, e é mais resistente a novidades. “Ele sempre prefere ficar em casa, mas teve que aceitar o nosso destino de férias e foi uma das melhores experiências até agora”, conta a mãe Nadine de Biagi Ziesemer.

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Família Ziesemer em Fernando Noronha/ PE

Recompensas

Nicolas, a irmã Sophia (11 anos) e os pais Nadine e Maurício, saíram de Curitiba e passaram 10 dias na ilha. A mãe conta como prepara a viagem com filho autista. “Mostro fotos do lugar que vamos conhecer e antecipo o que vai acontecer: tempo de vôo, espera no aeroporto, deslocamento e os programas que vamos fazer por lá. A gente faz um ensaio antes de ir para ele não ter surpresas”, explica.

“Uma coisa que funciona muito bem com o Nicolas é dar recompensas. Fui fazendo isso por trecho de viagem: um sorvete no aeroporto da escala, balinhas no avião e assim por diante. Mas só prometo conforme as possibilidades e o que é realizável, porque ele me cobra”, diz  Nadine.

Dica de viagem com filho autista: alugue uma casa

A família Ziesemer preferiu alugar uma casa para ter mais autonomia e estabeleceu um programa por dia. Nadine conta que participar de mais passeios em grupo, e ainda respeitar o horário das refeições em uma pousada, seria uma sobrecarga para o filho. “O Nicolas tem o tempo dele, precisa descansar mais e já eram muitas novidades. Alugar essa casa, ter a nossa cozinha e administrar nosso tempo foi a melhor coisa que fizemos”. Para um casal, a mãe considera suficiente passar cinco dias na ilha, mas no caso de visitar Fernando de Noronha com filho autista, recomenda prolongar a estadia.

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Nicolas e a irmã Sophia no Projeto Tamar

Histórias para contar

Nadine conta o que aconteceu quando a família saiu para fazer uma trilha, mas ela e o filho ficaram no meio do caminho. “O Nicolas falou que estava cansado. Ele só deitou na areia e dormiu. Pesado. Por três horas! Eu fiquei esperando, espantando as lagartixas e outros bichos. Algumas pessoas que nos viram ali por horas, perguntaram se eu precisava de ajuda. Eu disse ‘tá tudo bem, ele só está dormindo’. Então é assim: a gente tenta fazer um passeio e, se não deu, paciência. O mais importante é ter essa história pra contar. Aliás, o Nicolas adora que conte!”, diz se divertindo.

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Trilhas em Fernando de Noronha

Coração de mãe de autista

“O Nicolas é sincero e vai dizer que está odiando o passeio mesmo que tudo esteja maravilhoso. As pessoas estranham esse comportamento e às vezes eu explico que ele é autista. Acho que é uma maneira delas conhecerem sobre o assunto antes de julgarem. Outras vezes, quando nos olham torto, eu só ignoro”, diz Nadine.

A mãe reforça um ponto: “Em cada viagem, o mais importante é valorizar o que deu certo. É uma conquista para o Nicolas. Ele vai ganhando confiança e a gente acumula experiência para planejar as próximas. Queremos viajar mais vezes, com certeza!”.

Karina Hirami é jornalista e mãe da Bia de três anos.

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3 COMENTÁRIOS

  1. Nosso filho autista de 4 anos já conhece 11 países e mais de 30 cidades. Acreditamos que as viagens sempre ajudaram ele a desenvolver tolerância às novidades e mudanças de rotinas. Claro que não podemos falar por todo o espectro e é uma característica do nosso filho também ser mais calmo às mudanças e aceitar bem alterações em ambientes e alimentos. Mas parte disso talvez tenha sido por ele sempre ter viajado e experimentado novos estímulos. Temos nossas estratégias também para manter a tranquilidade, respeitar o tempo dele, prevenir sobrecargas sensoriais, mas conseguimos curtir e aproveitar bem os passeios. As experiências de ter viajado antes de ter filhos também contou com certeza. Só temos que nos controlar para não sermos tão ambiciosos em querer conhecer muitos destinos como na época sem filhos, por isso reservamos mais dias em uma cidade para eventuais imprevistos e demoras. Pegar apartamentos definitivamente ajuda a organizar melhor a rotina. Que este post inspire mais pais de autistas a viajarem. Um abraço!

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