Este post faz parte de uma blogagem coletiva proposta pela Adriana Passelo, do blog Diario de Viagem com apoio da Sut Mie e da Claudia Rodrigues, no grupo Viagens em Família no facebook, o tema é 10 Mudanças para as família viajarem mais pelo Brasil.
Viagem com filhos pelo Brasil
Eu sou super fã de viajar pelo Brasil com a família, digo isto em diversos posts neste blog. Fez parte da minha infância ir de carro para Foz do Iguaçu, para Gramado, para o litoral do Rio de Janeiro, para o Nordeste, Pantanal, cidades históricas de Minas Gerais, Caldas Novas. Perdi a conta de quantas viagens fiz, a grande maioria, de carro. Meu marido também viajava muito com a família de carro pelo Brasil quando era pequeno, no caso dele, a mãe é nordestina (de Aracajú), o pai de Santa Catarina, e ele nasceu em Brasília, ou seja, um brasileiro.
Desde que nossos filhos nasceram fazemos viagens pelo Brasil. Faço questão de incluir nas nossas viagens pelo menos um destinos ou atração nova por viagem. Alguns destinos, acabamos repetindo bastante. É o caso de Florianópolis, por exemplo. Como meu cunhado mora lá, vamos mais de uma vez por ano. As vezes temos azar e está chovendo e ficamos mais em casa, outras vezes, visitamos uma praia ou restaurante, ou um canto que a gente não conhecia.
Também viajo muito para fora do Brasil, com e sem filhos. Acho que nossa família é bem variada em relação a estilo de viagens. As vezes fazemos viagens de avião, as vezes de carro. Alugamos casas mas também ficamos em hoteis, alguns bem básicos, outros mais charmosos. As vezes perto e as vezes longe de casa. Depende da viagem.
Gostaria de viajar mais e melhor pelo Brasil. Nesta blogagem nos propomos a dizer o que deveria mudar para viajarmos mais. Sei que muitos blogueiros tiveram muita dificuldade em fazer este texto por diversos motivos, a minha dificuldade surgiu porque acho que os principais pontos do setor turísticos, na verdade, são problemas do país de forma geral, e são muito desanimadores. Mas, acho que falar sobre estes problemas é necessário, aliás imprescindível, para que um dia as mudanças aconteçam.
1. O setor hoteleiro: os hotéis no Brasil e no mundo
Para mim este é um dos maiores problemas do turismo no Brasil. Depois que fui para Ásia minha visão sobre o setor hoteleiro Brasil piorou muito. Me hospedei em hotéis básicos, mas muito mais simpáticos e eficientes e baratos no Japão, na Malásia, Na Tailândia e em Dubai, do que os que temos no Brasil. De forma geral, nossos hotéis são muito inferiores nas mesmas faixas de preços. E aqueles que são mais charmosos, que se preocupam com o lençol, com a toalha, em ter tudo funcionando de forma correta e com bom atendimento são caríssimos, como se estivessem na categoria LUXO. Isto não está certo. Já nos Estados Unidos e Canadá, os hotéis não são tão charmosinhos como os asiáticos, mas oferecem outros benefícios, eles são eficientes. As cadeias estão espalhadas por todo o país e acomodam uma família com 2 filhos sem nenhum problema ou restrição (no modelo 2 camas de casal) + café da manhã básico (café + pão + suco de laranja) na recepção. Em Buenos Aires, capital da Argentina, vemos centenas de opções de hotéis de design, com detalhes de decoração encantadores, poucos quartos, piscina pequena, café da manhã simples e delicioso, por preços que no Brasil não se hospeda nem em um quarto mal conservado em um bairro distante.
3 exemplos de onde esta questão é muito mau resolvida:
- Rio De Janeiro – por mim, eu passaria uma semana com meus 2 filhos no Rio para fugir do frio, andar de bicicleta na orla e brincar na praia, todos os anos, mas o preço da hospedagem inviabiliza a viagem.
- Foz do Iguaçu – Na última vez que fomos visitar as Cataratas do Igauçu, nos hospedamos em Puerto Iguazu (na Argentina) porque o hotel era mais barato do que os equivalentes deste lado da fronteira.
- Amazonia – Fiquei absolutamente encantada com minha viagem com a família para a Amazônia mas fiquei abismada com o preço da hospedagem. Acho que seria incrível se mais brasileiros conhecessem a floresta Amazônica, mas com estes valores, é inacessível.
Em resumo: preços altos demais para o padrão de quartos e banheiros, pouco investimento em conservação e reformas, banheiros velhos, com mofo, cantinhos sujos, cafés da manhã que priorizam a quantidade do que a qualidade. Mais tamanho do que qualidade. Não faço questão de menu kids e recreação, faltam hoteis e pousadas bem resolvidas, com lençois e toalhas limpas e em bom estados, onde meus filhos possam comer a mesma coisa que eu, e pequenos pedidos possam ser atendidos.
2. Estradas mal conservadas
Não sei nem por onde começar a falar sobre esta questão já que, sem dúvida, ela é um problema de infra-estrutura do Brasil. Cresci viajando pelas estradas do Brasil, fiz milhares de quilômetros para todos os lados. 30 anos depois pouco investimento foi feito, então o estado das rodovias decaiu muito (já era péssimo em alguns lugares naquela época). Em alguns casos a privatização trouxe benefícios, em outros, não adiantou nada. A rodovia da morte continua matando. No Brasil se morre demais nas estradas. Gostaria de fazer muitas road trips com a família pelo país, mas morro de medo dos deslizamentos no verão e da violência dos acidentes de forma geral. Então optamos por usar o avião muitas vezes. As saídas de muitas praias tem ficado inviáveis de forma geral. Nos últimos feriados, viagens para Santa Catarina tem levado mais de 10 horas. Quando você se propõe a fazer uma viagem de 10 horas com crianças pequenas, leva frutas, água, comidinhas – ou planeja paradas em determinados pontos. Este trecho tem 300 km. Imagina ficar mais de 10 horas com crianças pequenas com o carro parado? Nestas situações se instala o caos nas paradas e nos postos de gasolinas que estão no caminho.
3. Banheiros família nos aeroportos
Há algum tempo o Marcio Nel Cimati levantou esta bandeira dos banheiros família. Como ele é pai e não mãe, sente ainda mais dificuldade. Ele não pode entrar nos banheiros femininos e não quer levar as filhas no masculino. Pouquíssimos aeroportos tem banheiros família com vasos sanitários, pias baixas e estrutura para atender mães e pais com filhos. Alguns tem fraldários (que não tem privadas) mas estão sempre fechados. Em Guarulhos há banheiro família no saguão e na entrada do banheiro feminino do embarque internacional.
4. Área infantil no aeroporto
Ao redor do mundo os aeroportos estão cada vez mais modernos e cheios de novidades. Como ainda não conseguimos resolver nem nas questões mais básicas, parece um luxo falar em distração para as crianças. Mas não custa olhar para alguns exemplos:
- Em Amsterdã há salas com diversas atividades, além de uma sede do museu mais famoso da Holanda, o Rijks Museum
- Em Dallas uma escultura que lembra o castelo ajuda a distrair
- Em Vancouver há um playground e pequenos expositores com coleções de toy art
- Em Londres, encontrei um cercadinho tímido, mas que era melhor do que nada, com mesinhas, cadeiras, lápis coloridos e papel.
5. Playgrounds seguros e criativos
Este também é um item que parece fútil, mas fico encantada com os brinquedos simples mas seguros e lúdicos das praças e parques quando viajo. Em qualquer canto tem um brinquedo, muitas vezes com o chão emborrachado que suaviza quedas. Muitos são super básicos, mas são essenciais para recarregar a energia das crianças.
6. Preço das passagens aéreas
As tarifas das passagens melhoraram bastante nos últimos anos. Hoje há muito mais promoções, principalmente no fim de semana. Mas alguns destinos ainda ficam inacessíveis mesmo com planejamento. Dois exemplos: ir para Porto Alegre já é possível por menos de R$ 100 reais (quando comprado com antecedência), mas Fortaleza continua difícil! é preciso muito malabarismo e milhas para conseguir emitir passagens para determinados destinos!
7. Mobilidade urbana
Esta questão, assim como o problema da conservação das estradas tem tudo a ver com o problema de infra estrutura do país e atrapalha bastante os passeios em família. Fora do Brasil ando com meus filhos de metrô e ônibus de um lado para o outro. Em Atlanta, onde fizemos uma escala a caminho de Miami, peguei o metro no aeroporto para ir até o Aquário que fica no centro. Almoçamos, brincamos no playground da pracinha e voltamos de metro para o aeroporto. No Brasil isto é inviável, em nenhuma cidade temos um sistema de transporte público que permita este tipo de programa com ou sem família.
8, 9 e 10: Infra-estrutura, educação e treinamento
Resolvi resumir 3 últimos itens em um só para finalizar este post pois eles estão todos ligados a uma questão social seríssima. Todo ano quando vou para o nordeste converso com garçons, motorista de taxi, donos de restaurantes e pousadas e tudo o que ouço é que nenhum governo termina o que o outro começou. Quando um prefeito chega a sair do posto porque roubava demais, o que entra no lugar, é ainda pior do que o anterior. Enquanto isto, na rua o lixo se acumula. No verão falta água em todo o litoral (este ano aconteceu na Bahia, em Pernambuco, e Santa Catarina).
Em poucos estabelecimentos se fala uma segunda lingua, mas provavelmente muita gente não fale nem o português corretamente.
Acho que o que mais falta é apoio para a indústria turística de forma geral. Não existe incentivo, nem treinamento. Mas existe boa vontade, brasileiros lutando e dando o sangue e o suor pra servir uma comida gostosa e bem preparada, para ser criativo na falta de recursos. E sobra praias com uma beleza indiscritível, diversidade e sabores.
Para acompanhar as sugestões e desabafos de outros blogueiros:
4a Blogagem Coletiva: 10 mudanças para as famílias viajarem mais pelo Brasil!
2. Claudia Boemmels – Brasileiros mundo afora
3. Flávia Peixoto – Viajar é tudo de bom!
4. Claudia Rodrigues – Felipe, o pequeno viajante:
5. Andreza Trivillin – Andreza Dica e Indica Disney:
6. Thyl Guerra – Viajando com Palavras
7. Eder Rezende – Quatro Cantos do Mundo
8. Ana Luiza Fragoso – Oxente Menina:http://www.oxentemenina.com/2014/03/10-mudancas-para-as-familias-viajarem-mais-pelo-brasil/
9. Adelia Lundberg – Paris des Petits
10. Débora Galizia – Viajando em familia
11. Márcia Tanikawa – Os Caminhantes Ogrotur
12. Karen Schubert Reimer – As Aventuras da Ellerim Viajante
13. Thiago Cesar Busarello – Vida de Turista
14- Regeane Nicaretta- Dicas da Rege
15 – Debora Godoy Segnini – Gosto e Pronto
16- Erica Piros Kovacs – Viagem com Gêmeos
17 – Francine Agnoletto – Viagens que Sonhamos
18 – Sut-Mie Guibert- Viajando com Pimpolhos
19 – Ana Cintia Cassab Heilborn – Travel Book Blog:
20 – Flávia Maciel – Bebê Pelo Mundo
21 – Claudia Bins – Mosaicos do Sul
22 – Patrícia Tabalipa – Roteiro Baby Floripa
23. Andrea Almeida Barros – Do RS para o Mundo:
24. Patrícia Papp – Coisas de Mãe
25- Susana Spotti – Viagem Simplesmente
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[…] 23. Patrícia Papp – Coisas de Mãe […]
Oi Patrícia. Como era de esperar, os textos estão coincidindo em vários aspectos e um deles que nós duas mencionamos é a questão dos banheiros, inevitáveis e essenciais para quem viaja com crianças. Há muitas formas de se virar em termos de comida ou até mesmo de passeios, mas os banheiros, como evitá-los?!
Outra coisa do teu texto é o “em qualquer canto tem um brinquedo”. Vivemos isso recentemente em 5 países da Europa. Meus filhos se divertiram muito neles que sempre eram bem conservados e gratuitos.
Ainda assim, #queremosviajarpeloBrasil sil sil !!!
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Patricia, aqui no Galeão o negócio está feio, nenhuma escada rolante no desembarque está funcionando, fios aparecendo no teto, está cada vez pior, mesmo com obras, imagina se vão se preocupar em criar áreas infantis, nem o básico está funcionando!
[…] Mudanças para as famílias viajarem mais pelo Brasil – Eu Viajo com … – 30 mar. 2014 … Em resumo: preços altos demais para o padrão de quartos e … banheiros velhos, com mofo, cantinhos sujos, cafés da manhã que … Suporte para que pais com bebês, não acompanhados de mais um …. Eu não pude tirar férias em julho com as crianças, mas queria fazer um programa bem bacana . […]
Nossa!! Adorei seu post!! Me identifiquei muito, pois também viajamos bastante com as filhas penduradas e suas colocações são as mesmas nossas. Gostaríamos muito de fazer uma trip pelo Brasil, mas na situação atual do turismo, acabamos sempre optando por outros países.