Viajar por muitos meses ou anos é bem diferente de viajar de férias. Algumas pessoas consideram o sonho de dar a volta ao mundo impossível porque acham que gastariam o mesmo que gastam em uma viagem de férias, multiplicado por meses ou anos, o que realmente daria um orçamento grande.
Porém, na prática, a maioria dos viajantes de longo prazo não viaja como se estivesse de férias, não só para balancear o orçamento, mas também porque cansaria demais, principalmente considerando essa rotina com crianças! Afinal, chega uma hora em que as atrações vão se repetindo, as filas vão cansando, as crianças se chateiam de esperar em restaurantes…
Assim, as decisões de viagem – hospedagens, transporte, alimentação, passeios – mudam quando se viaja por um tempo maior, e a boa notícia é que como todo serviço, quanto mais tempo usamos, mais barato pagamos! Claro que essas decisões não envolvem somente o fator financeiro, elas variam de acordo com o estilo do viajante e os objetivos da viagem (falamos um pouco disso nesse outro post: Volta ao mundo com filhos: por onde começar?). Nesse post iremos dividir as nossas opções e escolhas:
Volta ao mundo com filhos: hospedagens, transportes, alimentação e passeios
Meio de Transporte
Uma volta ao mundo pode ser feita em diversos modais. Já encontramos viajantes que fazem do meio de transporte também a sua hospedagem, como é o caso de famílias que viajam de veleiros, motorhome, kombis adaptadas, etc. Nós chegamos a considerar essas opções, mas elas envolvem um trabalho que não gostaríamos de ter durante todo o período (são opções que exigem uma rotina de cuidados diários do veículo em si, além de um desafio para entreter crianças dentro de um espaço relativamente pequeno), mas conforme citamos, é uma excelente escolha para quem quer juntar estadia e transporte!
No nosso caso, decidimos fazer os grandes deslocamentos de avião (quando mudamos de continente ou país) e o restante por via terrestre, de ônibus, trem ou carro. Foi a melhor opção que encontramos para o nosso estilo, que é viajar devagar, com menos destinos, mas com duração maior neles para se aprofundar no estilo de vida local.
E para o transporte de dia a dia? Depende da cidade onde estamos. Quando estamos em cidades pequenas e com trânsito calmo, optamos por bicicletas ou motos alugadas. Já em cidades maiores, ficamos por conta de Uber, taxi ou os transportes locais (como os Tuk-Tuks da Tailândia e os Rickshaws da Índia).
O importante é considerar se o transporte escolhido combina com o estilo da viagem, e também não se limitar pelas crianças, pois eles são super adaptáveis! Já vimos uma família viajando de bicicleta, com um bebê que ia em um carregador adaptado. Outra que viajava somente de carona. Enfim, tem para todos os gostos e bolsos!
Hospedagem
Como ficamos por vários dias nos destinos, as opções mais convenientes tem sido o Airbnb ou GuestHouses (fáceis de encontrar no Booking.com), que dão descontos para estadias longas e facilita fazer refeições em casa (escolhemos sempre opções com cozinha equipada), além de favorecerem o contato com a comunidade local.
Outras conveniências que levamos em conta na hora de escolher onde ficar são a wi-fi (não temos contas de celular, o que nos deixa dependentes do wi-fi para qualquer comunicação), e máquina de lavar (ou lavanderia no prédio ou próxima).
Hotéis e pousadas ficamos somente em cidades de estadias curtas (1 ou 2 noites), ou quando estamos em trânsito (costumamos dormir em hotéis próximos de aeroportos quando estamos trocando de país, por exemplo). Além de ser uma opção de hospedagem mais cara, ele acaba subindo as demais contas também, porque nos obriga a fazer as refeições fora de casa.
Outra opção que experimentamos foi trocar hospedagem por trabalho. Nessa opção, a hospedagem não é cobrada, e você paga com o seu trabalho. Existem diversas plataformas que permitem esse tipo de troca, como o WOOF ou o WORKAWAY, além de ONGs que usam essa forma de troca. É uma forma bem bacana também de interagir e colaborar com a comunidade local.
Comida
Nós optamos por cozinhar em casa a maior parte das refeições, por ser mais fácil de manter o ritmo saudável e variado de alimentação para as crianças, mas sem deixar de fora refeições em restaurantes e mercados, para experimentarmos também a gastronomia local. Essa proporção varia de país para país, mas de forma geral em 4 refeições, fazemos 3 em casa e 1 fora.
O cardápio do que cozinhamos em casa depende do que conseguimos comprar nos supermercados onde estamos, mas no geral temos encontrado opções próximas ao que temos no Brasil (até feijão achamos na Índia!). Em alguns lugares com saneamento mais duvidoso, optamos por alimentação vegetariana, pois assim eliminamos o risco de contaminação por carne mal conservada. O mesmo vale para a água nesses locais: tomamos mineral engarrafada ou fervemos antes de usar para cozinhar.
Na rua, não temos tido dificuldades para encontrar boas opções. Procuramos sempre restaurantes com bastante fluxo ou que tenha sido indicado por alguém, e buscamos aumentar o paladar das crianças e o nosso sempre provando da comida local. Algumas vezes somos surpreendidos pelo nível da pimenta rsrs mas no geral, tem dado certo!
Passeios
A qualquer lugar que chegamos, sempre existe uma lista de “passeios imperdíveis” a serem feitos. Mas em uma viagem de longo prazo e com crianças, fazer uma curadoria nesses passeios é imprescindível. Turistar todos os dias por longo prazo cansa, e as atrações acabam se repetindo de um país pro outro (sempre tem um mercado, uma igreja, um templo, uma feirinha…), então é importante considerar que atrações vão de fato agregar para o que a família está buscando, além de considerar o que será mais atrativo para as crianças também.
Assim, quando chegamos em um novo lugar, nós listamos os passeios de acordo com os nossos interesses, e depois fazemos as escolhas considerando o tempo que temos (não gostamos de correr para ficar vendo atrações) e se o investimento vale o que iremos ver, aprender ou experimentar.
Afinal, quanto mais viajamos, mais aprendemos que as grandes memórias não se formam “naquele ponto turístico incrível”, nem “naquela foto que preciso tirar em tal lugar”. Esses momentos memoráveis estão escondidos naquele café de esquina que sentamos um dia para descansar e tinha um sorvete maravilhoso, naquele por do sol que vimos em um lugar inusitado longe das multidões, naquela pessoa que conhecemos em uma fila e a conversa foi tão legal que mudou nossa forma de pensar… não é mesmo?
Luciana é engenheira, aspirante a parteira e atualmente viajante em tempo integral. Desde novembro de 2018 está viajando pelo mundo com o marido Danton e os filhos Liz (5 anos) e Danilo (2 anos). Escreve em seu blog de viagem, mochilaocommochilinhas.com (@mochilaocommochilnhas)
Leia também:
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- Viagem com bebês – com 9 meses Olivia já visitou 13 destinos
Ola,
Adoro ler as experiencias que são postadas…leio sempre que posso.
Sempre tive uma dúvida e espero que anfum dia alguem me responda…
Como fazem para viajar pelo mundo quando as crianças ja estão na escola? Tenho que buscar uma especial? tipo a distância? …Obrigada e que sigam tendo essas viagens maravilhosas.
Olá Mirla, tudo bem?
Ontem mesmo eles escreveram sobre a escola em um post no Insta, explicando e contando! Dá uma olhada: https://www.instagram.com/p/Bv9bYDvBspw/
beijos
Que ótimo ! Obrigada por compartilhar suas experiência….